TALISMÃ

"Olha, menina, eu te quero. Menina, eu te espero na beira de um sonho. A noite foi longa, a dor já foi longe, e agora amanhece, e a única flor da manhã é a menina lá fora, meu talismã, você. Seu sorriso encantado, seu olhar namorado. Deixo a vida, a sorte, meu sonho em suas mãos."

Música: Talismã

Compositores: Renato Correa Jose Maria / Maria Thereza Guinle Urhnjak

Artista: Evinha

"The course of Empire: Destruction" (1836), by Thomas Cole

DANIELE, "DANI"

Bela por natureza, ela é doce em um mundo de azedumes. Tal como a lua cheia, que clareia à vista as formas escondidas nas trevas da noite, ela é evidência de bondade humana há tempos esquecida. Mulher que não se rende, é forte amazona. Feminina de berço, não precisa fingir oposto para ser reconhecida. É elegante ao seu modo sem que copie vestimentas. Carrega nos braços os fardos de uma guerra. Porém, é da vida que retira lições que livro algum consegue explicar. Corpo miúdo que carrega um coração grande, quais os limites de sua caridade? Nas mãos, talento. Na boca, piedade. Nos olhos, sorriso. Mulher - que mulher! -, devolva os mais belos adjetivos existentes no mundo. Você roubou todos eles.

@mineirando , o Diário de Bordo.

"The Water Nymph" (1908), by Herbert James Draper.

LA GLORIA ERES TU

"Eres mi bien, lo que me tiene extasiado. ¿Por qué negar que estoy de ti enamorado? De tu dulce alma que es toda sentimiento. De esos ojazos negros de un raro fulgor, que me dominan e incitan al amor. Eres un encanto. Eres mi ilusión. Dios dice que la gloria está en el cielo y que es de los mortales el consuelo al morir. Bendito Dios, porque al tenerte yo en vida, no necesito ir al cielo tisú. Si, alma mía, la gloria eres tú."

Canción: La gloria eres tu

Compositor: José Antonio Méndez García

Artistas: Los tres diamantes; Carlos Cuevas; Luís Miguel, otros más.

BRUNA

Era o primeiro dia de aula. Cheguei adiantado. Sentei em um lugar à frente da sala, próximo das janelas, distante da porta, mas com visão para ela. Abri minha mochila e tirei meus materiais, para ajeitar minha mesa. Peguei um "livro de bolso" que carregava para todo lado e comecei a ler. Pouco a pouco, a sala começou a ser infestada de mais, e mais alunos. Lembro-me de que, perto de soar o alarme de início da aula, você entrou pela porta. Menina alta, que tinha quase o meu tamanho, e magra, branca feito leite e de cabelo liso bem negro, olhos melancólicos, vestidos de óculos, e boca fina, parou na entrada procurando uma cadeira. Te encarei, com aquela "cara de pastel" que só eu sei fazer e, percebendo como estava, recuperei minha postura e alterei minha expressão para "bulldog velho". Você notou o que havia acontecido e sorriu. Caminhou até a minha direção sob a vista de toda a sala e, para ante a mim, perguntou se havia alguém na cadeira ao meu lado. E eu, que só tinha reparado aquele vazio naquele momento, respondi sorridente e com entusiasmo: "- Não, imagina. Fique à vontade, sente-se aqui -". Trocamos sorrisos e olhares, e, antes que o professor começasse seu monólogo, perguntamos nossos nomes. Seu nome, que tanto significado possui e que, na sua voz, desceu-me pelos ouvidos como música, não vou esquecer mais. O tempo foi passando e muita coisa aconteceu. Nossa amizade, nossas brincadeiras, nossas graças, nossos beijos, nossos momentos a sós. Doces lembranças que nenhum mal há de apagar.

@mineirando , o Diário de Bordo.

"Venere e Cupido" (n.d.), by Artemisia Gentileschi (1593–1653).

"St. Francis in meditation" (1606), by Caravaggio.

AMOR MÍO

"Amor mío, tu rostro querido no sabe guardar secretos de amor. Ya me dijo que estoy en la gloría de tu intimidad. No hace falta decir que me quieres. No me vuelvas loco con esa verdad. No lo digas. No me hagas que llore de felicidad. Cuánta envidia se va a despertar, cuántos ojos nos van a mirar. La alegría de todas mis horas prefiero pasarlas en la intimidad. Olvidaba decir que te amo con todas las fuerzas que el alma me da. Quien no ha amado que no diga nunca que vivió, jamás."

Canción: Amor mío

Compositor: Alvaro Carrillo Alacon

Artista: Alvaro Carrilo / Los Panchos / Otros más

ACASO

"Não sei se o acaso quis brincar ou foi a vida que escolheu. Por ironia fez cruzar o meu caminho com o seu. Eu nem queria mais sofrer a agonia da paixão. Nem tinha mais o que esquecer. Vivia em paz, na solidão. Mas foi te encontrar e o futuro chegou como um pressentimento. Meus olhos brilharam, brilharam no escuro da emoção."

Música: Acaso

Compositor: Ivan Lins / Abel Ferreira

Intérpretes: Pedro Mariano / outros

ALINE

De dia, um doce de pessoa que sorri por todos os cantos. À noite, uma força da natureza contra a qual nada se pode fazer. Morena de olhos grandes e esbugalhados, bem vivos. Sempre extrovertida, fala com o olhar, a boca e as mãos. Quase não há silêncio em seu jeito de viver. Seu rosto é fino e delicado; seus cabelos não são lisos, contudo, é no volumes deles que mora a graça de sua beleza. Seu pescoço é alongado e definido; um verdadeiro imã para qualquer um que tente a sorte com ela. Seu corpo é magro e proporcional; nem avantajado, nem lânguido; é perfeito. Seus pés pisam suavemente ao chão, porém com decisão e firmeza. Ah, meu Pai, se ela pudesse se ver e notar o que as pessoas enxergam quando ela passa. Meu Pai, meu Pai, seria ela a definição de encanto? No mundo de Vênus ela seria a propria deusa.

@mineirando , o Diário de Bordo.

"[...] Fiz de mim o que não soube

E o que podia fazer de mim não o fiz.

O dominó que vesti era errado.

Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido.

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

Como um cão tolerado pela gerência

Por ser inofensivo

E vou escrever esta história para provar que sou sublime. [...]"

Trecho de "Tabacaria", poesia de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.

"The Taking of Christ" (1602), by Caravaggio (1571–1610).

"Sailor With Binoculars" (n.d.), by Martin Aagaard (1863–1913).

FOR ONCE IN MY LIFE

"For once in my life, I have someone who needs me. Someone I've needed so long. For once, unafraid, I can go where life leads me. Somehow, I know I'll be strong. For once I can touch what my heart used to dream of long before I knew. Oh, someone warm like you, would make my dreams come true. For once in my life, I won't let sorrow hurt me, not like it's hurt me before. For once, I have something I know won't desert me. I'm not alone anymore. For once I can say, 'this is mine, you can't take it', as long as I know, I have love, I can make it. For once in my life, I have someone who needs me."

Song: For once in my life

Songwriters: Ronald N. Miller / Orlando Murden

Artists: Stevie Wonder / Frank Sinatra / Various

PRA SER SINCERO

"Eu era tão feliz, e não sabia, amor. Fiz tudo que eu quis, confesso a minha dor. E era tão real, que eu só fazia fantasia, e não fazia mal. E agora é tanto amor, me abrace como foi. Te adoro e você vem comigo aonde quer que eu vôe. E o que passou, calou. E o que virá, que dirá. E só ao seu lado, seu telhado, me faz feliz de novo. O tempo vai passar e tudo vai entrar no jeito certo de nós dois. As coisas são assim e se será, que será. Pra ser sincero meu remédio é te amar, te amar. Não pense, por favor, que eu não sei dizer que é amor tudo o que eu sinto longe de você."

Música: Pra ser sincero

Compositor: Antonio Carlos Santos Freitas / Marisa De Azevedo Monte

Artista: Marisa Monte

IRRESIGNAÇÃO

Sobre a superfície de um papel qualquer, escrevo meus sonhos e temores, segredos e paixões. O mundo parece tão pequeno visto daqui da minha sala. Duas ou três vidas parecem não bastar para mim. São tantas as palavras, tantos os significados, e ainda assim a explicação é parca. Falta algo. Sempre falta algo. E sempre faltará algo. É inevitável. Contudo, é na imperfeição que o mais perfeito amor reside, e é na mais incoerente ideia que o mais coerente poema faz filosofia. Os anos podem desbotar a minha tinta. E está tudo bem. Mas da memória, nenhum pedaço de vida, amor e esperança será retirado. Nenhum sonho, por mais etéreo que seja, será apagado. No espaço em que o sonho e a realidade se cruzam, meu coração permanece intocável pelo tempo.

@mineirando , o Diário de Bordo.